Executivos de importantes fundos americanos e europeus confirmam minha suspeita de que os brasileiros estão às vésperas de um aquecimento nos preços dos imóveis. Por quê? Porque os preços no Primeiro Mundo estão nas alturas e porque (cruzando os dedos) esperamos que as taxas de juros reais cheguem no país a um nível civilizado.
Não falta gente desejando comprar imóveis residenciais. O que falta é dinheiro no bolso do povo e linhas de crédito de longo prazo com juros decentes. Exatamente o que o Chile e o México já conseguiram há alguns anos. Resultado: os imóveis nesses países sofreram grande valorização. Aqui, os investidores nesse ramo, embora se digam sofisticados, viraram motivo de chacota.
Em períodos longos, ganhos com imóveis tendem a superar os de renda fixa. Não porque apartamentos possam ser considerados "minas de ouro", mas porque nenhum país do mundo consegue pagar juros altos por muito tempo.
Imóveis são heterogêneos. Os mais luxuosos estão sujeitos às mudanças na "moda" e se depreciam com mais facilidade. Os mais simples, porém, embora não sejam adequados para os exibicionistas, costumam trazer maior rentabilidade.
A expectativa dos investidores estrangeiros é de que o aquecimento comece no setor de imóveis para empresas. Depois, o boom deve chegar às residências. Nada disso me surpreende. Essa é a seqüência natural de qualquer ciclo econômico.
O que você deve estar se perguntando é como isso será possível se os juros reais no Brasil ainda estão acima de 10% ao ano. Veja, o Brasil é um país um tanto exótico. Quem diria que o Ibovespa pudesse subir 222% nos últimos três anos, em pleno governo do PT e com uma taxa de juros tão alta? O mercado é ansioso e costuma andar na frente. Quem espera para investir só depois que os problemas foram resolvidos paga caro e assume o risco de ver os preços desabarem diante das primeiras más notícias, que, inevitavelmente, surgirão.
O país tem um setor de construção civil bastante dinâmico, apesar de ter perdido muitos empresários que não conseguiram sobreviver à estupidez da nossa política monetária dos últimos 12 anos. Tomara que os executivos estrangeiros estejam corretos na suas avaliações e que ganhem muito dinheiro comprando barato aquilo de que alguns investidores viciados no CDI não querem nem ouvir falar. Uma multidão de pedreiros e carpinteiros vai me ajudar na torcida.